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O QUE É A MENTE?


Para o psiquiatra A. Cury a mente humana é um sofisticado e complexo campo de energia psíquica que coexiste e co-interfere com o campo de energia físico-química do cérebro. A energia psíquica transmuta-se ou transforma-se em energia física, e vice-versa.

O campo de energia físico-química está preso a um sistema de leis lineares, previsíveis e lógicas, enquanto o campo de energia psíquica ultrapassa os limites dessas leis.


A psique também transmuta tensões emocionais no campo de energia cerebral gerando possíveis microalterações metabólicas psicossomáticas e sintomas psicossomáticos, às vezes clinicamente detectáveis.

De acordo com a neurobiologia, a mente emerge a partir da actividade do cérebro e é moldada pela estimulação externa e a experiência interpessoal (vivências).

O conceito de mente pode ser definido de diferentes maneiras consoante nos colocarmos, por exemplo, na perspectiva da investigação filosófica, neurofisiológica ou das ciências psicológicas.

Segundo o psiquiatra António Imbasciati “há uma certa tendência geral em considerar o complexo dos sentimentos, afectos e emoções como um conjunto de processos psíquicos diferentes do que constitui os processos cognitivos (pensamento, memória, inteligência, etc.)” reservando-se para estes últimos o termo “mental”. Este modo diferente de dividir a mente em “psique” (afectos) e processos “mentais” (cognitivos) tem origem na concepção medieval da psicologia como “ciência da alma” e da contraposição dos dois princípios – matéria e espírito – na actividade humana.

A mente envolve todos os comportamentos, desde os mais simples aos mais complexos sendo sustentada por um ou mais "programas", facto que remete para a existência da percepção, da memória e da aprendizagem como funções determinantes para a função mental.

É importante salientar que não existem funções psíquicas ou mentais isoladas. A mente é um todo onde decorrem simultaneamente actividades conscientes e não conscientes.

Na verdade, ela resulta de padrões no fluxo de energia e informações no interior do cérebro e entre cérebros, é criada no seio da interacção dos processos neurofisiológicos internos e das experiências interpessoais, a estrutura e o funcionamento do cérebro são determinadas pelo modo como as experiências (vivências e estímulos) moldam a maturação geneticamente programada do sistema nervoso.

A mente, que não pára de se desenvolver ao longo da vida, possui meios distintos de processar as informações e os estímulos oriundos do exterior e do seu relacionamento com outras mentes. Neste aspecto, é de destacar o papel das emoções que intervêm de forma activa na organização central do cérebro. Assim, a capacidade de um indivíduo organizar as suas emoções determina a capacidade da mente de integrar a experiência e de se adaptar a futuros focos de tensão.


Uma mente assustada
Adaptado de um texto de Ken Grimes
Publicado na revista "New Scientist"


Diversos psicólogos evolucionistas sugerem que os instintos e as fobias de seres humanos modernos podem ter sido moldados há milhões de anos, quando os ancestrais da humanidade teriam sido presas de grandes carnívoros nas savanas do actual continente africano.

O psicólogo Richard Coss, da Universidade da Califórnia em Davis, argumenta que, longe de a humanidade ter passado tranquilamente para o estágio de caçadora, a sua evolução foi moldada de maneira dramática por uma prolongada luta para levar a melhor sobre predadores que a vitimavam. Até ao momento em que nossos ancestrais conseguiram derrotar os predadores, os humanos foram uma espécie caçada, e esse longo período da história passado na condição de potencial refeição moldou a maneira como somos hoje.

Se essa teoria estiver correcta, a fase de nossa evolução em que fomos presas pode ajudar a explicar não apenas nossos temores e fobias, mas também algumas das características-chave que nos fazem humanos, incluindo a nossa capacidade de intuir os pensamentos uns dos outros, os nossos valores sociais de lealdade e amizade e, possivelmente, até mesmo a nossa linguagem e tecnologia.

As versões populares da história dos hominídeos destacam a importância de nossa "queda" pré-histórica, ocorrida há cerca de 5 milhões de anos, quando mudanças climáticas de longo prazo levaram ao encolhimento das florestas tropicais africanas, obrigando os nossos ancestrais a descer de seu refúgio no alto das árvores.

O que muitos relatos não esclarecem é a natureza infernal desse novo ambiente. Na floresta escondiam-se tigres dente-de-sabre, leopardos e ursos carnívoros gigantes. Ainda mais perigosa era a sempre crescente savana, percorrida por predadores que caçavam em bandos: hienas gigantes, cães com dentes como lâminas e do tamanho de lobos, leões e mais dentes-de-sabre.

Parece haver poucas dúvidas de que esses predadores -que já tinham prática de caçar animais mais velozes, maiores e mais bem armados do que os hominídeos- teriam achado os humanos primitivos, que eram lentos, abundantes e fracos, uma refeição tentadora.

Os primatas actuais enfrentam os mesmos perigos. Os pesquisadores que estudam os padrões modernos de actividade predatória constantemente encontram restos de primatas nas fezes de carnívoros de grande porte. Ademais, Kim Hill e Anna Magdalena Hurtado, na Universidade do Novo México, em Albuquerque, descobriram que 6% das mortes de adultos jovens da tribo paraguaia dos Aché eram causadas por onças.

Coss afirma que isso teria sido ainda pior com os nossos ancestrais pré-históricos. "Uma vez que leopardos e leões aprendem com que facilidade a carne pode ser arrancada dos ossos humanos, eles se tornam matadores vorazes, com preferência quase exclusiva por humanos", diz ele.

O pesquisador recorre ao registo fóssil para reforçar o seu ponto de vista. Em tocas de carnívoros datadas de 1 a 3 milhões de anos atrás em cavernas sul-africanas foram encontrados os fósseis de 324 babuínos e 140 australopitecos -prováveis antepassados dos humanos-, muitos deles ostentando marcas típicas de danos provocados pelas presas e as garras de felinos de grande porte e hienas predadoras.

O facto de fazer parte do cardápio de outro animal não poderia deixar de ter implicações evolutivas para o homem. Entre caçadores e caçados desenvolve-se uma "corrida armamentista" que pode levar a transformações no animal que é a presa, tais como aumento de tamanho, aumento da velocidade ao correr e habilidades sensórias aumentadas. Também pode provocar diversas adaptações comportamentais, como o agrupamento em rebanhos, o aumento da vigilância e o ataque aos predadores em grupos.


Marcas da evolução
Coss está convencido de que os humanos ainda ostentam as marcas dessa fase. Instintos herdados podem ficar gravados no cérebro por muito tempo, diz ele, mesmo depois de terem se tornado obsoletos. Isso talvez explique alguns resquícios comportamentais, tais como o reflexo de Moro -uma reacção manifestada por bebês recém-nascidos quando se assustam, na qual eles tentam agarrar com os pés e as mãos. É algo semelhante ao modo como um bebé macaco, quando assustado, se agarra à barriga da mãe.

Outros pesquisadores argumentam que alguns de nossos temores irracionais são resquícios evolutivos dos perigos presentes em nosso ambiente ancestral. "A fobia de aranhas, por exemplo, é muito mais comum do que a fobia de carros", diz o antropólogo Clark Barrett, da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

"No entanto, a probabilidade de sermos mortos por um carro é muito maior, nos ambientes urbanos modernos, do que a de sermos mortos por uma aranha venenosa." Barrett acredita que, se predadores foram uma influência importante sobre nossa evolução, então deveríamos estar bem sintonizados para compreendê-los. E é exactamente isso o que ele está a constatar.

Por exemplo, crianças de diferentes culturas -incluindo culturas urbanas- parecem possuir um apetite insaciável por informações sobre predadores, mesmo os extintos. Barrett chama isso de "síndrome de Jurassic Park".

Não há dúvida, porém, de que a ameaça de sermos comidos afectou a nossa vida social de maneira directa. "Ela constitui a força motriz que levou os primatas a viver em grupos", observa a primatologista Louise Barrett, da Universidade de Liverpool. Ao viver em grupos, babuínos e chimpanzés aumentam sua capacidade de detectar predadores e escapar no meio da confusão.

Comprovação impossível

Coss, Clark Barrett e Treves sabem que terão de fazer mais do que já fizeram para fortalecer a sua idéia, mas também acreditam que ela possui grande potencial para aprofundar a nossa actual compreensão da evolução humana. "Temos a tendência a pensar nos humanos pré-históricos como caçadores", diz Louise Barrett, "mas eles provavelmente passavam muito tempo escondidos em tocas." O mundo, lá fora, era demasiado perigoso, assustadoramente perigoso! E isso deixou marcas profundas no inconsciente colectivo que perduram até hoje.