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O FUTURO DO HOMEM



50 mil anos depois do cérebro humano ter atingido as suas actuais capacidades e 4 milhões de anos após o aparecimento da primeira espécie animal com características humanóides, uma pergunta se deve agora colocar: terá o nosso cérebro aptidões para lidar com tanta informação e tantos novos conhecimentos produzidos pela actual Era Tecnológica? Qual a evolução esperada da mente humana?

Pensamento acelerado, stress, fobias, ansiedade, instabilidade e insegurança emocionais....Eis alguns dos sintomas da dificuldade de adaptação ao meio ambiente actual. Ora isto é já considerado um problema social (e político) nas sociedades mais avançadas, especialmente nas grandes metrópoles da Europa, Ásia e América.

A mente humana – com todos os atributos, potencialidades e mistérios que lhe são recon-hecidos – continua a ser um tema sedutor e aberto às mais variadas abordagens (filosóficas, biológicas, neuropsicológicas, etc.). Produto da actividade concertada de grandes aglomerações de células cerebrais altamente especializadas e de um complexo metabolismo que só agora começa a ser compreendido, a mente humana cumpre numerosas funções que se exprimem em diferentes planos.

Graças à evolução bem sucedida do sistema cérebro-mente, a história da Humanidade é um percurso empolgante de conquistas. Em não muitos milhões de anos vencemos uma série de etapas evolutivas e, chegados ao século XXI, eis-nos senhores de uma sociedade multifacetada, complexa e altamente competitiva - produto, afinal, da dinâmica interacção entre o exercício do pensamento e os desafios da vida.

As capacidades possíveis

A história da humanidade reflecte assim, desde os seus primórdios, o resultado da nossa inteligência criativa. Em poucos milénios desbravámos territórios inóspitos e levantámos civilizações. Em pouco tempo percebemos que tínhamos o poder de exercer transformações no que antes parecia imutável. A criatividade tornou-se a grande força da nossa inteligência. De simples recoletores e caçadores passámos rapidamente a inventores, técnicos e artistas. E com isso modificamos completamente a face do planeta e a história do nosso Mundo.

Agora, em plena Era do Conhecimento, o intelecto perfila-se como um capital de valor inestimável. Já ninguém duvida que a riqueza das nações, das comunidades e de todas as organizações (seja de que tipo forem) depende mais dos recursos intelectuais – inteligência, criatividade e conhecimento – do que qualquer bem tradicional, incluindo o próprio dinheiro. De facto, a força muscular e o trabalho das máquinas estão rapidamente a ser substituídos pela inteligência e o saber.

Torna-se, por conseguinte, naturalmente aceite que cuidemos do cérebro como cuidamos do resto do corpo. Esta certeza assenta em três princípios fundamentais:

- O cérebro é um órgão que tem a capacidade para se renovar a si mesmo.
- O cérebro tem capacidade ilimitada de aprendizagem e pode aumentar a sua eficiência através do exercício.
- O cérebro responde eficazmente à actividade física, ao treino mental e ao estilo de vida, podendo manter-se ágil durante toda a vida.

Um sistema dinâmico

Uma característica vital do cérebro é chamada de neuroplasticidade. Aqui reside o segredo do poder mental. A neuroplasticidade (ou plasticidade neural) refere-se à capacidade dos neurónios se transformarem e adaptarem a sua estrutura e função em resposta às exigências externas e internas do organismo.

De facto, toda a exigência que desafie ou estimule o cérebro (por exemplo, aprender um novo idioma) produz mudanças anatómicas muito significativas a nível celular como o aumento das dendrites (filamentos que se ramificam a partir do centro da célula para contactarem outros neurónios), o aumento no número de espinhas dendríticas, a formação de novas sinapses (junções especializadas existentes nos neurónios através das quais estes conectam entre si), o aumento da actividade das neuroglias (células que apoiam os neurónios) e alterações no metabolismo celular (transformações químicas que estão no centro do trabalho cerebral).

É lícito acreditar (na verdade, está cientificamente demonstrado!) que um cérebro activo e estimulado por diferentes desafios se revele mais perspicaz, mais hábil e naturalmente mais capaz de responder às solicitações do pensamento e do meio ambiente.

É preciso levar em conta essas potencialidades. Um cérebro que é estimulado pela experiência e a aprendizagem consegue operar uma actividade mental com alto rendimento. Assim, na exigente sociedade de hoje só as pessoas que invistam seriamente no seu capital cognitivo e intelectual (inteligência, criatividade e conhecimento) poderão aspirar a lugares destacados no mundo do trabalho.

Aprender mais e mais e durante toda a vida tornou-se, por conseguinte, numa exigência da Era do Conhecimento. Para tal temos de estar na melhor forma mental. A “potência cerebral óptima” pode ser atingida através de um estilo de vida sadio, uma alimentação equilibrada e uma verdadeira (e regular) ginástica cerebral.

As dúvidas

Mas....é lícito questionar: de que maneira vai a mente humana evoluir com tanta informação e tantos estímulos sensoriais à sua volta?

Repare-se: as estruturas do cérebro humano actual, responsáveis pela capacidade de gerar os padrões de energia e de informações que estão presentes nos processos e estados mentais, têm uma história de pouco mais de 50 mil anos quando a nossa espécie surgiu (a qual seria, acrescente-se, seria a última de uma série de espécies hominídeas - pelo menos 5 - que viveram na Terra nos últimos 4 milhões de anos).

Dizem-nos os neurobiólogos que a actual capacidade do cérebro permite-lhe adaptar-se a ambientes crescentemente complexos. Isso mesmo tem acontecido sobretudo nos últimos 5 mil anos e, mais ainda, nos últimos 100 anos. Mas a complexidade da sociedade tecnológica está a aumentar a um ritmo impensável até há pouco tempo atrás.

Actualmente vivemos um período de transformações profundas e de maior conectividade social. A produção de informação cresce de forma imparável, imediatista e ao mesmo tempo efémera. Uma pergunta parece-nos então óbvia: teremos capacidade para lidar com tanta informação e estímulos em simultâneo à mistura com sentimentos de incerteza e de ambiguidade?

Afinal, muitas pessoas (cada vez mais, na verdade) revelam síndromes preocupantes: pensamento acelerado, estados depressivos, ansiedade patológica, instabilidade, agressividade, inquietude e medos.

Tudo isto é um mau presságio. E há quem faça a advertência: as sociedades modernas estão em risco de uma grave ruptura psicológica e social. Os sinais estão à vista: cresce o número de pessoas com perturbações emocionais e cognitivas.

Estaremos então no limite das nossas capacidades mentais? Ou estaremos apenas impreparados para acompanhar o ritmo de transformações (sociais, tecnológicas e culturais) e a torrente de informação que todos os dias e a toda a hora nos cerca e invade?

A questão - que não é apenas do foro médico - merece que nos debrucemos urgentemente sobre ela.

Texto de Nelson S Lima

O QUE DIZ STEVE PINKER
Notável professor e director do conhecido Centro de Neurociência Cognitiva do Instituto Tecnológico de Massachusetts. Professor de psicologia da Universidade de Harvard. Formado pela Universidade de MacGill e doutorado na Universidade de Harvard na disciplina "Psicologia Experimental". Defensor da psicologia evolucionista e da teoria computacional da mente.

A mente humana ainda está ainda a evoluir?
"Uma boa aposta é dizer que não. Certamente o processo de evolução não apresenta o mesmo ímpeto de cerca de 100.000 anos atrás, quando surgiram os primeiros crânios modernos. A indagação que precisamos fazer é: como a posse de uma mente mais poderosa se traduziria, no decorrer dos séculos futuros, em maiores chances de procriação para os donos desses cérebros, em maiores chances de ter filhos que herdassem essa mente "evoluída"? Para nossos antepassados, que viviam da recolha de alimento e fugindo de predadores, a vantagem era clara.

Aqueles que tinham a mente mais poderosa, que faziam as melhores ferramentas ou concebiam as melhores estratégias de caça, conseguiam sobreviver. Hoje, essa relação não é mais evidente. Tomamos conta de toda a Terra e criamos redes sociais que protegem também os mais fracos
em termos biológicos. Ninguém precisa mais matar um mamute para sobreviver. Uma evolução mental teria de levar em conta, ainda, os custos associados a um cérebro grande e uma mente complexa como a nossa.
O tecido cerebral consome um monte de energia. Além disso, cérebro grande significa cabeça volumosa, o que aumenta os riscos para o bebé e para a mãe na hora do parto.


Estaríamos próximos, assim, do limite de nosso desenvolvimento cultural e tecnológico?

Não, ainda há muito a explorar na mente humana, e é certo que nossa cultura e tecnologia evoluirão drasticamente. Só é bastante provável que tenhamos atingido o nosso limite biológico. De todo modo, nenhum de nós estará aqui para assistir a um "salto evolucional". Lembre-se: a evolução biológica é um processo que envolve muitas e muitas gerações, num período longuíssimo. Só os heróis das histórias em quadrinhos ganham superpoderes de repente".