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INTUIÇÃO: UM RECURSO EXTRAORDINÁRIO

A intuição é um tema que tem sido objecto de muitas reflexões. Normalmente, as pessoas entendem a intuição como um "sexto sentido", uma forma singular de percepção e também de conhecimento.

Geralmente é definida como um conhecimento que surge espontaneamente, sem a intervenção consciente do raciocínio e da reflexão.

Na filosofia chinesa a intuição quer dizer "conhecimento directo" e que resulta de uma visão interior realizada não através dos olhos mas da contemplação.

Alguns especialistas atribuem a intuição a processos de pensamento muito rápidos. De acordo com esta teoria, várias pequenas insinuações podem ser rapidamente integradas, tornando possível conclusões sem qualquer acto intermediário aparente.

O pensamento pós-modernista da Nova Era entende que “enterrado no fundo de cada um de nós, existe uma consciência instintiva que nos proporciona o mais confiável guia para sabermos se nossas acções estão voltadas para o interesse comum da vida que existe no nosso planeta. Precisamos usar mais o bom senso que emana dos nossos corações”.

Actualmente, as ciências cognitivas revelam que o pensamento ocorre no segundo plano de nossas mentes. Estudos sobre processamento automático, memória implícita, funcionamento do cérebro direito, emoções instantâneas, comunicação não verbal e criatividade revelam a capacidade intuitiva.

O pensamento, a memória e o comportamento operam em dois níveis: o consciente/intencional e o inconsciente/automático. É uma forma de processamento duplo e simultâneo.

Segundo a psicoterapeuta Maria Clara Heise, "isso vem nos mostrar que temos dois tipos de mente: uma para a percepção imediata e outra para todo o resto!".

E acrescenta: "Quando nossos ancestrais encontravam um estranho na floresta tinham que decidir instantaneamente se era um amigo ou inimigo. Aqueles que faziam uma leitura rápida e acurada tinham mais chance de sobreviver e deixar descendentes, o que explica o porquê das pessoas hoje serem capazes de distinguir só com um olhar as expressões de raiva, tristeza, medo, prazer, etc. É graças a essa sensibilidade que nos conduz dos olhos para os centros de controle emocional do cérebro que reagimos de forma emocional, antes de termos tempo de fazer uma interpretação racional do que está acontecendo. Ou seja, primeiro sentimos, depois o cérebro interpreta".

Assim, uma explicação alternativa apresentada por Ellen Campbell e J.H.Brennan é a de que "a intuição é o resultado de uma capacidade especial, ou de uma afinidade para com o objecto considerado - algo quase semelhante a um dom psíquico" (*)

Habitualmente diz-se que as mulheres têm uma melhor intuição do que os homens. Alguns testes de personalidade mostram que os homens chegam a um score de 60% para a medida de “objectividade” (as decisões são tomadas baseadas na lógica) e as mulheres têm 90% para “sensibilidade” (as decisões são subjetivas, baseadas no que estão sentindo). Sem dúvida que a intuição faz parte do processo de tomada de decisão. "Mas parte dessa verdade é que também acontecem muitos erros" - diz a psicoterapeuta.

Seja como for, a intuição é mais poderosa do que imaginamos. Alimenta a nossa criatividade, o intelecto, a percepção do amor e ainda a espiritualidade.

A ciência nota que a intuição funciona para algumas áreas, mas requer restrições noutras e, por conseguinte, pode ser perigoso deixarmo-nos levar somente pela intuição, desprezando o bom senso e a lógica. "Por outro lado, com certeza seremos mais espertos, sensíveis e criativos se dermos ouvidos aos murmúrios que surgem da nossa mente obscura"- conclui a psicoterapeuta Maria Clara Heise.

Nelson S. Lima

(*) Campbell, E. & Brennan, J.H., "Dicionário da Mente, do Corpo e do Espírito", Editora Mandarim, S.Paulo, 1997).