Há alguns anos tive conhecimento de um estudo que fazia uma projecção do que seria a vida na Terra dentro de 1 milhão de anos e mais.
Esse estudo - em que participou uma equipa pluridisciplinar de cientistas - concluía que a vida no nosso planeta dentro de milhões de anos, mas mais seguramente dentro de 10 milhões de anos e mais, será completamente diferente daquela que hoje conhecemos (o que não é surpresa). A evolução da vida, quer do planeta quer dos seres vivos, segundo esse inovador estudo, atingirá tal magnitude que é difícil reconhecermos o que quer que seja. Muitos seres vivos actuais, incluindo o Homem, não existirão mais. Muitos outros evoluirão para seres de anatomia e comportamento completamente diversos daqueles que hoje exibem. Recordo-me de ver lido que lulas gigantes anfíbias poderiam ocupar um lugar cimeiro na escala dos animais mais inteligentes à face do planeta.
Esse estudo - em que participou uma equipa pluridisciplinar de cientistas - concluía que a vida no nosso planeta dentro de milhões de anos, mas mais seguramente dentro de 10 milhões de anos e mais, será completamente diferente daquela que hoje conhecemos (o que não é surpresa). A evolução da vida, quer do planeta quer dos seres vivos, segundo esse inovador estudo, atingirá tal magnitude que é difícil reconhecermos o que quer que seja. Muitos seres vivos actuais, incluindo o Homem, não existirão mais. Muitos outros evoluirão para seres de anatomia e comportamento completamente diversos daqueles que hoje exibem. Recordo-me de ver lido que lulas gigantes anfíbias poderiam ocupar um lugar cimeiro na escala dos animais mais inteligentes à face do planeta.

Mas, para além desta hipotética versão do futuro - que, no mínimo, dá para pensar - uma pergunta se coloca: e o ser humano? Por onde andará dentro de 100 mil anos ou 1 milhão de anos? Existirá ainda? Na Terra? O estudo sugere que não. Não estaremos aqui. A Terra estará dominada por grandes e inesperados animais. Será de novo um território pouco amistoso para o ser humano. Vai a nossa espécie extinguir-se como muitas outras que já aqui viveram?(não nos esqueçamos que de todas as espécies de animais que viveram no nosso planeta em toda a sua história de mais de 4 mil milhões de anos, 90% já não existem - o caso dos dinossauros é o mais conhecido).
O argumento de que a actual espécie humana não se extinguirá mas será objecto de uma mais ou menos lenta evolução - tal como aconteceu no passado - é aceite por um número crescente de cientistas. Se antes de nós existiram outras espécies das quais somos descendentes porque não aceitar que a Natureza continuará a obedecer às mesmas leis da evolução? Embora, actualmente, o ser humano, por força da tecnologia médica, consiga contrariar a lei dos mais fortes (aquela que impede que os indivíduos menos aptos física e mentalmente sobrevivam e deixem descendentes) a evolução da espécie é ponto assente. A crescente sofisticação da sociedade exigirá dos mais aptos novas necessidades de adaptação (sobretudo cerebrais e cognitivas) para sobreviver. E, assim, é de crer que a actual espécie humana continuará o seu caminho. Rumo a novos patamares evolutivos. Tal como aconteceu antes.
As espécies anteriores viveram na Terra durantes milhões de anos. Extinguiram-se por diferentes motivos, muitos deles relacionados com a incapacidade de resistirem a alterações climáticas, a doenças, aos animais predadores e a chacinas de grupos humanóides mais poderosos (houve uma época - longa - em que na Terra "conviveram" 5 diferentes espécies de seres hominídeos). A nossa espécie é a única que resta e está ainda no início da sua história. Tem apenas entre 150 mil e 200 mil anos. Nada de especial pois a espécie Homos Erectus sobreviveu mais de um milhão de anos tendo convivido com outra espécie, o Homo Habilis, considerada mais desenvolvida e mais moderna. Assim sendo, temos ainda muito futuro pela frente.
Uma tese - que aqui proponho - é mais radical: os seres humanos - cuja história começou há muitos milhões de anos, muito antes dos proto-humanos, têm um conjunto de características que são determinadas biologicamente e que os tornam diferentes dos restantes seres vivos conhecidos: são seres pró-activos, criativos, muito inteligentes, muito hábeis, em movimentação constante pelo mundo, construtores frenéticos, curiosos compulsivos e ambiciosos em extremo. Sempre o foram ao longo da história. Deram os primeiros sinais dessa sua natureza quando começaram a percorrer a Terra em busca de novos espaços para viver, quando começaram a construir artefactos e a criar comunidades sedentárias (aldeias, depois cidades e nações) e quando inventaram os primeiros meios de transporte (estabelecendo uma cada vez mais complexa rede de ligações terrestres e aquáticas com diferentes destinos).
Entre as primeiras jangadas e as naves espaciais tripuladas passaram apenas algumas dezenas de milhares de anos. Se, como espécie, ainda temos 150 mil a 200 anos de vida e se, na pior das hipóteses, ela nunca se extinguirá antes de um ou dois milhões de anos (podendo também dar origem a uma ou mais novas espécies, mais poderosas e hábeis tal como aconteceu no passado com as antigas espécies hominídeas) o que podemos esperar?
O futuro do Homem está algures no Universo
Olhando para o passado da evolução nos últimos 15 a 20 milhões de anos tudo parece indicar que viemos para ficar ainda que possamos ser apenas mais uma espécie que dará um dia origem a novas ramificações mais evoluídas. Daqui decorre a teoria do Universo Humano. Esta teoria - que me atrai bastante - vê o universo como um espaço imenso que será um dia povoado pelos seres humanos.
Se hoje nos parece altamente improvável viajar a velocidades que nos permitam chegar a outros planetas habitáveis para neles darmos continuidade à nossa saga isso não constituirá obstáculo dentro de um número razoável de anos quando a tecnologia atingir um ponto de não retorno. O regresso à Idade da Pedra jamais acontecerá.
Definitivamente libertos da Terra seremos (os novos?) senhores do Universo, da mesma forma que um dia, muito depois de descermos das árvores, povoámos o planeta e nos assenhoreámos dele. O Universo é, mais do que a Terra, a nossa casa. A Terra é apenas o ponto de partida - ou de passagem - para outros mundos ainda que isso nos venha a obrigar a adaptações e transformações biológicas que só os homens do futuro conhecerão. Conheceremos outros seres inteligentes algures estabelecidos noutras galáxias? Talvez. Também os navegadores do século XVI descobriram uma América povoada de outros seres humanos e com civilizações e culturas diferentes.
Só assim posso compreender porque, desde sempre, o ser humano e as anteriores espécies caminharam de forma aparentemente irresistível no sentido da expansão, o que favoreceu o progresso tecnológico (veja-se a históra da aviação). Por isso costumo dizer que quando o homem do Neolítico inventou a roda iniciou, nesse preciso momento, a história das viagens espaciais. Viagens que, actualmente, mais não são do que as primeiras tentativas para sairmos do Sistema Solar e irmos em busca de novos lares algures do outro lado do Mundo (*).
(*) Já existem centros de investigação estatais que estudam formas de evacuação da espécie humana para outros pontos do Universo dentro de 200 a 300 anos (informação de Fernando Nobre, presidente da Asssistência Médica Internacional).
SAIBA MAIS EM
Texto de Nelson S Lima (autor de 5 Mil Anos de Transportes)