De acordo com o psiquiatra e escritor Augusto Cury, autor de Inteligência Multifocal, a mente humana é um campo de energia, sofisticado e complexo, que coexiste
e co-interfere com o campo de energia físico-química do cérebro. A energia
psíquica transmuta-se ou transforma-se em energia física, e vice-versa.
A mente
envolve todos os acontecimentos comportamentais, desde os mais simples aos mais
complexos sendo sustentada por um “programa”, facto que remete para a
existência da percepção, da memória e da aprendizagem como funções determinantes
para a função mental.
Segundo aquele autor, os 4
grandes fenómenos universais comuns a todos os seres humanos (três deles
independentes da vontade mais o controle consciente do "Eu") que
trabalham sinergicamente nos bastidores de nossa mente para produzir o
fantástico mundo dos processos de construção dos pensamentos e da transformação
da energia emocional e motivacional são os seguintes.
O Autofluxo
da Energia Psíquica
O discurso
sobre o fenómeno do Autofluxo da Energia Psíquica indica que a nossa mente vive
numa dinâmica constante e inevitável desde os primeiros pensamentos produzidos
pelo feto até o fim da vida do ser humano. É impossível para nós interrompermos
o fluxo de nossos pensamentos pois o Autofluxo da Energia Psíquica actua
independente da nossa vontade consciente. Até mesmo a tentativa do vácuo de
pensamento já é uma manifestação do pensamento.
A
Autochecagem da Memória
A produção
de conhecimento tem como base o fenómeno da Autochecagem da Memória. Muitos dos
pensamentos e emoções gerados nos bastidores de nossa mente são produtos de um
fenómeno que actua clandestinamente lendo determinadas áreas da memória,
sintetizando pensamentos e modificando o conteúdo de nossa emoção "sem que
tenhamos autorizado tal actividade".
A Âncora da
Memória
Sobre o
fenómeno da Âncora da Memória Cury procura abrir os nossos olhos para o facto
de que nem todo conteúdo de nossa memória está disponível para ser lido num
determinado momento existencial, mas sim algumas áreas determinadas por esse
fenómeno. Segundo Cury, os deslocamentos da Âncora da Memória consistem na
variável intrapsíquica de maior relevância em relação ao conteúdo de nossos
pensamentos. Em momentos e fases de vida de forte turbulência emocional a
Âncora da Memória pode "travar" restringindo o nosso acesso a
“diversos arquivos existenciais”, tornando-nos rígidos, pobres e pouco
qualitativos nos nossos pensamentos gerando não poucas vezes várias distorções
na interpretação dos factos e situações psicossociais.
O EU
Finalmente,
o fenómeno do Eu pode ser definido como a nossa consciência existencial do
mundo que somos e em que estamos, em resumo, a nossa identidade existencial, a
nossa consciência de nós mesmos. O Eu, através do processo de interiorização
existencial pode exercer um domínio no redireccionamento dos outros 3
fenómenos; porém, jamais interromper ou eliminar essa actuação.
O Eu é ao mesmo
tempo servo e líder do Autofluxo, da Autochecagem e da Âncora da Memória. Sem
uma postura firme, apaixonada e determinada do “Eu”, a nossa produção de
pensamentos e emoções fica entregue aos outros 3 fenómenos intrapsíquicos os
quais têm a função primordial de "financiar" gratuitamente o
funcionamento da mente, porém o pensamento crítico, centrado em princípios
humanísticos, é a responsabilidade principal do “Eu”.
Caso esse
fenómeno não amadureça qualitativamente ao longo do processo existencial, a
nossa produção de conhecimento pode ter muito pouca qualidade gerando todas as
formas de violação dos direitos humanos.